terça-feira, 25 de setembro de 2007

À classe média, pão e circo


Nos diversos ambientes que tenho freqüentado ultimamente, é notória uma alteração nos discursos inflamados de seus freqüentadores.

Tem sido lugar comum, nas últimas semanas, ouvir comentários acerca do Cirque du Soleil, famoso espetáculo circense largamente divulgado pela mídia.

Há uma alegria imbecil estampada no semblante de quem limpa a garganta e anuncia: “comprei meus ingressos, já estão esgotados para o ano que vem”. É evidente o ar embevecido e vaidoso ao comentar a presença no espetáculo já lotado, como se isso fosse sinônimo de elegância, de sofisticação. Nas entrelinhas do discurso chega a ser possível perceber uma comparação com a elite de fato. Vitimada por um complexo de vira-lata, a classe média sente-se parte de um seleto grupo habituado a viajar no final de semana para assistir a um espetáculo musical em Nova Iorque.

O público classe média deslumbra-se com a possibilidade de participar de um show endeusado por ela própria. O evento em si não tem a menor importância. Importante é comentar que vai, que gastou uma quantia indecente na compra de seu ingresso e que faz parte do seleto grupo dos chiques, elegantes, antenados!

Ok, os circos precisavam evoluir. Já não mantêm animais em cativeiro nem maltratam os pobres bichinhos. Todavia o palhaço não está mais no palco.

Há uma trama publicitária tentando enredar-nos em sua teia de interesses. A premissa é a mesma desde os tempos idos. O ser humano tem necessidade de diversão, de entretenimento. Os acordes repetidos cantarolados com o tema alegria estão na boca do povo. É comum perceber-se cantarolando o jingle do espetáculo circense. Incomum é saber se trata-se de uma alusão ao Cirque ou se faz parte da campanha publicitária de uma mega rede bancária.

Enfim, tanto faz! É difícil contrariar a lógica histórica da evolução do ser humano. Continuamos recebendo o circo, o espetáculo, o show... Em troca, esquecemos as taxas de juros, anuidades dos cartões de crédito, taxas de manutenção, despesas extras, etc. Afinal, não pega bem para uma classe média pseudo elite discutir quantias pequenas e irrelevantes.

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Inicial...

Como dizia o Ethan Hawke: "A verdade é uma coberta que deixa os pés frios."