terça-feira, 20 de novembro de 2007

Tenho vergonha da minha Louis Vuitton

Fui gentilmente presenteada por amigos que voltavam da Europa com uma bolsa Louis Vuitton. Usei e abusei do presente por algum tempo mas, confesso, o que outrora me envaidecia, agora me constrange.

O constrangimento não surge por poder encontrar adolescentes com uma Louis Vuitton idêntica à minha caminhando pela rua. A origem do desconforto é a possibilidade de poder ser apontada como usuária de um produto pirata – ainda que a minha bolsa não seja. Enfim, tenho tido dificuldade em conseguir deixar minha LV à vista, sem que isso me cause embaraço.

O interessante é que a Louis Vuitton, bem como as demais grandes grifes, não estão assim, desconfortáveis, como eu. Afinal, essas inúmeras réplicas piratas que inundam o mercado popular acabam auxiliando no marketing da empresa, na propagação da marca.

Importante! O público alvo de grandes grifes não é a garotinha que pede dinheiro emprestado ao pai e compra sua bolsa de “grife” para utilizar numa duvidosa combinação com tênis e boné virado. Todavia, a indústria da pirataria acaba impulsionando os rendimentos das grandes marcas de moda. Ela é a motivadora na compra de um novo produto, original e livre dos camelôs por algum tempo.

Vale lembrar que, por melhor que seja a cópia, a indústria da pirataria é tecnicamente incapaz de ter time-to-market para lançar modelos e sair à frente de uma Louis Vuitton, por exemplo. O pirata se limita a copiar aquilo que está sendo ou já foi moda. Assim, a pirataria é a mola que impulsiona a venda de lançamentos das grandes grifes. O “sentir vergonha” da peça que já é vendida em camelô é que faz com que a cliente queira renovar seu guarda-roupa e comprar, para seu deleite, uma peça que ainda é livre de imitações.

Enquanto isso, deixo minha Louis Vuitton repousando no armário e saio com a minha "Datellizinha", humilde, porém compatriota e menos visada.

3 comentários:

Unknown disse...

Mais do que um símbolo de status ridículo grifes são apenas assinaturas de pessoas em produtos que são feitos, muitas vezes, por trabalhadores escravos na índia, china e outros locais miseráveis. A maioria deles trabalho infantil. Seu constrangimento revela o grande prob lema de nossa sociedade: o Consumismo. Você não se constrange por ter a bolsa, mas por alguém pensar que ela é falsa? Haja superficialidade.

Marcelo disse...

nao sei, como disse ai em cima, grife eh status, mas qm nao gosta de uma marca pelo q ela representa, alem de status?eu tenho varias preferidas, e nao acho q usar algo pirata seja de se envergonhar, vergonha eh roubar e outras coisas. se alguem olha pra algo e ja pensa" hum, isso eh pirata" deve ser mais futil do q a pessoa q tm, q apenas comprou algo q lhe agrada.

Bruno disse...

é isso que acontece no Brasil hoje em dia...
Quem é bem sucedido tem que ter vergonha...
O Luciano Huck tem medo do seu Rolex (e segundo o rapper Ferrez deveria ter vergonha de usá-lo), vc com vergonha de usar sua LV... e por aí vai...
Esse fenômeno tem um nome, é comunmente encontrado na Inglaterra e Austrália, lá não se aplica em pessoas bem sucedidas, mas em pessoas que descendem da realeza e os descendentes de nobres.
O fenômeno é chamado reverse snobbery, e aqui no Brasil se aplica a pessoas bem sucedidas... Veja que o presidente é o coitadinho ex-pobre... o "playboy tem é que se ralá"
Segundo o lord é ridiculo usar grifes, que são feitas por mão de obra escrava na china... e etc...
Essa mão de obra ele nem sabe se existe mesmo ou não, eu duvido que o mesmo tenha ido até o Paraguai. Um caso da Nike foi comprovado... e os outros... só boataria... mas temos que ter vergonha!!!
A superficialidade está nos seus olhos, já que eu teria vergonha de ter um produto falso que financia o contrabando, o tráfico e etc...
VocÊ consegue enxergar o problema lá na China, mas não consegue enxergar o problema do centro da tua cidade...
Eu tenho pena de Comunistóides, esquerdóides que gastam seu dinheiro fumando maconha...