segunda-feira, 5 de novembro de 2007

A Edessa de meio bilhão de dólares

É sabido que os Estados Unidos vêm construindo sua embaixada no Iraque. Embaixada talvez não seja a palavra mais indicada: trata-se de um pomposo pedaço de EUA dentro do Iraque. É uma obra gigantesca, com cifras assombrosas e, sem dúvida, com fins questionáveis. Que tipo de embaixada é essa em que as pessoas só ficam do lado de dentro? Ela pode ser utilizada para muitas coisas, mas fins diplomáticos ela não tem.

Com um pouco de lucidez histórica, podemos relembrar o tempo das cruzadas. Parece que a história se repete. Antes, cristãos europeus lutavam contra a resistência árabe para conquistar a terra santa, que consideravam sua por direito. Agora, nações cristãs ocidentais lideradas por um cristão – é... ele mesmo – lutam para propagar a democracia. Esses são, na verdade, os objetivos de fachada, politicamente corretos. A verdade é que, tanto no século 12 como agora, o objetivo das batalhas travadas contra o oriente é econômico. Outrora lucrava-se com a abertura de rotas, comércio, conquista de território. Agora, além do território, ganha-se com a conquista do petróleo... que os EUA consideram seu por direito.

Os exércitos ocidentais não atravessam os desertos em vão. Amparados pelo escudo da diplomacia e do cristianismo rumam, ontem e hoje, para o oriente movidos apenas por questões econômicas e expansionistas. Sim, a embaixada americana no Iraque é a Edessa do século 21.

A maior e mais cara embaixada já construída até agora pelos EUA, nada mais é do que a construção de um castelo para demarcar o território invadido, como outrora ocorrera com Edessa, Trípoli e Jerusalém com a chegada dos cavaleiros cruzados. É uma sucursal americana dentro do Iraque que, além de destoar totalmente da paisagem local, demonstra o perfil de “bunker”, uma vez que não há sequer um iraquiano trabalhando na obra. Se os fins fossem diplomáticos, creio que tudo seria bem diferente.

Para quem transitar ou trabalhar por lá, não haverá sequer problemas de adaptação. Há piscinas, restaurantes, salões de beleza, enfim, toda uma sorte de recursos ocidentais para que, se possível, ninguém precise sair e se arriscar a pisar o solo verdadeiramente iraquiano.

2 comentários:

Gilberto Porcidonio (Puppet) disse...

E assim a "guerra santa" veio para o século vinte e um, aonde o cavaleiro templário foi substituido por uma bola de metal que vigia de cima da estratosfera e a lança é passiva, biológica e ativada com apenas um botão.

Arthurius Maximus disse...

Infelizmente, a farsa religiosa permeia todas essas tentativas de invasão. Isso apenas dá mais munição para os líderes manipuladores islâmicos, que não querem perder seus status e suas vantagens tribais.
E com isso, eles insuflam a jornada dos homens-bomba que nunca acabará. Já que agora eles são recrutados no berço.